Yanira Tiny, 30 anos, é membro de associação santomense de mulheres juristas, representante da coligação da juventude dos PALOP, empreendedora, artista, ativista social. Há 8 meses, participou da residência artista intensiva de 2 semanas para novos realizadores santomenses, onde descobriu outros talentos: atriz e diretora cinematográfica.
“A minha veia artística acaba por conseguir estar tanto numa área como na outra. Basicamente faço o que gosto, faço o que a minha alma gosta e eu nem vejo o tempo passar sequer”.
O gosto pela arte cinematográfica começou com desenhos animados, na infância. Yanira recorda que um dos filmes que mais a marcou foi “A pequena Sereia” e o “Hércules”. Ainda quando criança, gostava de recriar mentalmente novas histórias.
Yanira é curiosa e está sempre disposta a aprender. Foi assim que abraçou a oportunidade dada pelo São Tomé Film Lab, de participar na residência artística 2021, e consequentemente ganhar bolsa de produção para a realização do seu projeto de curta-metragem.
“Kinté Nón”
Inicialmente o seu projeto intitulava-se “Fénix”, que pretendia falar da morte, renascimento da personalidade de uma mulher chamada Isis. No entanto, para a realizadora não haveria identificação cultural.
“Fénix é um nome que sim, diz aquilo que eu queria mostrar no filme. Mas colocar um nome nacional, seria uma escolha importante a fazer. E por isso escolhi “Kinté Nón” no sentido de “O nosso Quintal”, que conta a história que acontece não só nos nossos quintais, como também noutras partes do mundo”.
No filme “Kinté Nón”, Yanira vestiu os papéis de realizadora, produtora executiva e atriz.
“Foi um desafio enorme. No início, eu sabia que não seria fácil propriamente. Mas uma coisa é teoria e a outra é prática. E na prática foi praticamente um bicho de 7 cabeça”.
De acordo a realizadora, “Kinté Nón” retrata a violência doméstica em São Tomé, e expõe também uma temática pouco debatida em São Tomé, a homossexualidade.
“Um dos personagens é homossexual e tem um grande papel ao longo do filme, ele acaba por ser quase que um salvador da personagem principal”.
Segundo Yanira, o objetivo da escolha dessa personagem é mostrar que somos todos iguais. A realizadora disse ao STP Digital que apesar das dificuldades a rodagem correu bem.
“Os atores do meu filme, praticamente ninguém tem experiência nessa área de cinema. Então foi graça a boa vontade deles de aprender. Eles encararam esse filme como um desafio, e vestiram a camisola.”
A realizadora teve ajuda do seu amigo e ator Vanderley Veloso, que “tem um excelente historial artístico, fez parte de vários grupos teatrais aqui em São Tomé” que deu um grande contributo para a realização e o sucesso do filme na fase dos ensaios e as filmagens.
“Ele acreditou no meu trabalho, acreditou que esse filme podia sair do papel para a realidade e ele embarcou comigo nessa viagem”.
Outra ajuda crucial para o sucesso da rodagem foi do produtor “Ellboy” CEO da Mult Maker. Ele por ter experiência como filmmaker, cantor, e produção de videoclipes. O seu olhar artístico e profissional ajudou na construção da narrativa do Kinté Nón.
Ainda segundo a realizadora, a bolsa de produção atribuída pelo São Tomé filme Lab, não foi suficiente para a conclusão da curta-metragem pelo que foi necessário investimento financeiro próprio.
O filme encontra-se na fase de pós-produção. E, Yanira, tem grandes expectativas sobre o filme e o seu sucesso nacional e internacionalmente.
“Super acredito no meu filme”, disse a realizadora.
Depois desse projeto Yanira pretende continuar no ramo do cinema. Tem em carteira outro projeto denominado “Xinema Nón”, que significa “Nosso Cinema”. Esse projeto pretende levar para as escolas secundárias e universidades, projeção de filmes africanos com tema central em “direitos humanos”.
“Será uma espécie de grito de liberdade através do cinema”.
Yanira é também conhecida como cantora. Foi uma das finalistas do concurso de canto “Vozes d’Obô”. Para ela foi fácil associar a música e o cinema por ser duas categorias indissociável no mundo do cinematográfico.
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