O “homem da lua” (como é conhecido em São Tomé e Príncipe), o investidor sul africano e britânico, Mark Shuttleworth, apresentou uma proposta para assegurar a partilha dos benefícios da conservação diretamente com os residentes da ilha do Príncipe.
Mark propõe a criação de um dividendo natural individual, que deverá ser pago trimestralmente em dinheiro à população da Região Autónoma do Príncipe em reconhecimento do valor do ambiente natural único e biodiverso da ilha, que é Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO.
Segundo Mark, um dos principais investidores do Príncipe, este dividendo natural seria baseado na conservação e melhoria dos seus ecossistemas.
Esta proposta foi apresentada na última terça-feira, na sala de conferências do Hotel Roça Sundy, perante membros do governo regional, líderes comunitários, líderes partidários, imprensa, e ONG’s.
Uma proposta apresentada no âmbito do Plano de Desenvolvimento Sustentável da Região Autónoma do Príncipe – Príncipe 2030. De acordo ao Príncipe 2030, a ilha do Príncipe vai tornar-se uma referência global de biodiversidade, conservação e desenvolvimento sustentável, que é inclusiva e resiliente às mudanças climáticas. Isto através da integração do turismo responsável e da economia verde e azul, assegurando a qualidade de vida para todos.
A proposta está agora em processo de consulta, e caso seja abraçada pelos Princípenses, o sistema de dividendos naturais poderá ser implementado a partir de 2023.
“O objetivo é criar nas pessoas a percepção de que a conservação é sinónimo de desenvolvimento económico.” – disse Mark.
O investidor em projetos de conservação, ecoturismo e desenvolvimento social no Príncipe nos últimos 12 anos, avançou ainda que este projeto arrancaria com um programa trienal inicial financiado pela HBD em cerca de 1 a 3 milhões de dólares.
Em que consiste o dividendo natural?
De acordo a proposta de Mark Shuttleworth, o dividendo natural é um fluxo de rendimento para a população local que reflete o valor dos serviços ecossistémicos renováveis na sua propriedade, no seu bairro e na sua região. Portanto, reflete em dinheiro o valor que o Fundo atribui a benefícios abstratos.
“É um fluxo de rendimento que reflete as escolhas ecológicas de um indivíduo enquanto parte interessada na sociedade, e as suas ações como proprietário de terras, concessionário ou residente.” – lê-se na proposta.
O investidor fez questão de, no mesmo dia, apresentar também a proposta aos colaboradores da sua empresa HBD. Na Oficina de Energia e Carpintaria do grupo em Santo António II, Mark falou para uma plateia de trabalhadores de diferentes departamentos, que o ouviram com atenção.
No final, os trabalhadores parabenizaram-no pela iniciativa e referiram-se a ele como o “nosso grande líder”. Também apresentaram as suas questões e aproveitaram também para fazer algumas reclamações.
A iniciativa “Dividendo Natural para o Príncipe” é pioneira e ao ser implementada na Região Autónoma do Príncipe, seria inédita em todo o mundo.