S. Tomé e Príncipe Sociedade

A justiça é injusta? Familiares e amigos dos irmãos Domingos e Antonio Monteiro revoltados com a forma que decorreu o arresto de bens

© Lusa

Na quinta-feira passada a família Monteiro viveu um pesadelo que ninguém gostaria de viver. “Bens penhorados, humilhações e abuso de poder”. O incidente de uma dívida por parte dos ex-gestores da cervejeira Rosema.

Quem assistiu diz que foi “de cortar o coração”. Depois de o incidente ser publicado nas redes sociais por um membro de família, muitos comentários foram feitos, sejam eles maldosos ou de apoio a família Monteiro. Muito se diz a respeito do caso, mas a verdade é que para quem não esteve presente não sabe dizer o que realmente aconteceu naquele dia em que a casa do Nino Monteiro foi “vandalizada” como dizem todos que estiveram presentes.

Um membro da família afirma que o procedimento foi muito mal feito.

“A verdade é que a família não foi notificada e nem sequer fizeram uma auditoria dos bens. E nesta confusão toda, arrestaram também bens de pessoas que nada têm a ver com o caso Rosema e fuga ao fisco. Foram para casa do embaixador da Nigéria arrestar a casa que está em nome do Nino Monteiro e não da sua mulher. Estão a agir por perseguição e não por justiça. Isso revolta-nos. Eles têm outros bens que poderiam ser confiscados e não irem para casa fazer o que fizeram. Vandalizaram a casa”.

Muitos amigos ligam e partilham mensagem de solidariedade, preocupadas com a situação e com o bem-estar físico e mental da família. E nas redes sociais os amigos e familiares, sedentos pela justiça justa apelam prudência e apuramento da verdade.

“Tudo isso, por uma informação mal disseminada e pessoas despreparadas. É necessário desmentir certas informações e rebater a crítica. Não tem porque acobertamos uma atitude de vandalismo. As coisas precisam ser bem-feitas. E não na confusão. Será que as pessoas não estão cansadas disso? Fica até feio todo esse espetáculo quando as coisas deveriam ser feitas de forma civilizadas”, ponderaram.

De ressaltar que o atual administrador da cervejeira Rosema, Manuel Martins, que no ano passado fora indicado por Melo Xavier, em uma entrevista à PNAPRESS, declarou que para além de encontrar os cofres vazios, a cervejeira ocultava avultadas dívidas reclamadas por empresas privadas e coletivas e por pessoas individuais, na gestão dos irmãos Domingos e António Monteiros. Desta forma, o caso foi entregue à justiça.

A polémica que envolve a cervejeira arrasta-se na justiça há décadas. O vaivém judicial faz deste processo o mais mediático na história do país. Entretanto, antes da cervejeira ser entregue ao Melo Xavier, o caso foi reaberto pelo juiz Silva Gomes Cravid, que outrora fora destituído junto aos seus colegas do Tribunal Supremo pelo governo cessante.

Hoje, os deputados da nova maioria parlamentar MLSTP/PSD e coligação PCD-MDFM-UDD, sob uma nova proposta acabaram por reconduzir os juízes destituídos ao Supremo Tribunal sendo o juiz Silva Cravid um deles.

A partir daí foram surgindo novas provas que implicaram a antiga gestão como foi e é o caso da fraude fiscal que fez com que o Governo são-tomense movesse uma queixa-crime na Procuradoria-Geral da República contra os ex-gestores da cervejeira Rosema afetos à SAR-Solnivan, Lda. O motivo foi uma alegada “dívida fiscal” no valor de STD 193.755.471,00.

Após o processo Rosema ser reaberto, na altura, foram lançadas muitas chamas culminando numa onde revoltas e críticas ao Governo. “A quem acredite que seja vingança e quem diga o governo agiu certo”. Todavia, o advogado dos irmãos Monteiro, Adelino Pereira, na época, indignou-se com a decisão e referiu que o caso era “essencialmente político”; e o jurista e professor universitário Olegário Tiny também entendeu que “houve um golpe institucional”.

Contudo, mesmo que exista um processo legal, a família não está feliz com a forma como o caso foi conduzido. O que aconteceu em casa dos irmãos Monteiro, familiares e amigos consideram uma “humilhação sem fim. Uma falta de respeito e abuso de poder.”.

“Queremos muito que a justiça funcione. Sabemos quem são as pessoas que estão por detrás disso. Por quê tudo isso? Existe sim uma dívida, mas como querem que paguem se bloquearam as contas bancárias?” acrescentou o membro da família.

Quando perguntando o que tencionam fazer, respondeu “não temos como denunciar. Porque a ordem veio de cima. Até sabemos quem pagou as pessoas para fazerem o arresto. Não foi nem juiz nem o tribunal. Só sei que não quero que os meus filhos e netos cresçam num país onde a justiça não funciona como deve ser” lamentou.

A família tentou entrar em contato com alguns meios de comunicação social, mas não tiveram sorte.

“ Está complicado. Mas nós não vamos desistir”.

Apesar de todo aparato e indignação as autoridades não se pronunciaram ou talvez não se pronunciem.

 

 

Sobre o Autor

Vivalda Prazeres

Add Comentário

Clique aqui para publicar um comentário

error: O conteúdo está protegido!!