O ano letivo 2021/2022 tinha arrancado oficialmente a 13 de setembro, marcado pela ameaça da terceira vaga da covid-19. Uma ameaça que concretizou-se dias depois com o Governo a anunciar o Estado de Calamidade que envolve a “suspensão das aulas no ensino púbico e privado, para todos os níveis de ensino, com exceção dos infantários” nos próximos 15 dias.
Apesar de 20% da população santomense já se encontrar vacinada, segundo dados oficiais, as preocupações sobre a escalada da pandemia e os efeitos da nova variante delta para este novo ano letivo são inevitáveis.
A pandemia provocada pela covid-19 gerou diversos impactos na educação. No ano letivo 2019/20, ano em que surgiu o vírus, as aulas presencias em São Tomé e Príncipe foram suspensas durante 6 meses, tendo ocorrido o mesmo no ano letivo 2020/21 por 2 semanas. O que se pode esperar para o ano letivo 2021/22?
REAJUSTES DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
Diante dos riscos apresentados pela nova variante da covid-19, foram reforçadas as medidas sanitárias decretadas pela OMS e pelo Ministério da Saúde, nomeadamente o distanciamento social, higienização das mãos, e uso obrigatório de máscaras.
As escolas secundárias terão ainda tapetes para que os alunos possam desinfetar os sapatos, e materiais de sensibilização.
“Estará também disponível para os alunos do ensino secundário, alguns folhetos e desdobráveis com informações sobre cuidados a ter para evitar o contágio da covid-19, e pequenos cartazes informando sobre os riscos da doença”, afirmou o diretor do ensino secundário, Jorge Boa Morte.
Ao nível do ensino superior, além do reforço das medidas sanitárias, uma equipa do Ministério da Saúde visitou algumas instituições para prestar esclarecimentos sobre os procedimentos a seguir caso se registe alunos infetados.
“Se houver um caso de estudante infetado, a turma da qual este faz parte deve ser suspensa. Em seguida, será realizada uma triagem para detetar outros estudantes que possam estar infetados. Deve-se também realizar a desinfeção das respetivas salas”, realçou a diretora do ensino superior, Wanda da Costa.
As aulas nas instituições de ensino superior ainda não iniciaram, mas têm previsão de arranque para o mês de outubro.
PREOCUPAÇÕES
Segundo as direções do ensino superior e secundário, a questão do distanciamento tem sido a maior preocupação dos professores. O número de estudantes interessados para ingressar nas instituições de ensino no país tem aumentado. Contudo, as infraestruturas continuam as mesmas e as salas de aulas têm pouco espaço, o que condiciona a implementação de medidas de distanciamento entre os alunos.
“Temos por volta de 45 alunos na sala, e pouco espaço para distanciamento. Os alunos têm que se sentar em pares.”
A questão de orçamento também foi apontada como uma das preocupações para este ano letivo 2021/22. “Com a pandemia, as instituições precisam garantir a higienização e a prevenção dos alunos, o que exige custos. Assim sendo, torna-se necessário um maior recurso financeiro para atender à estas novas demandas”, afirmou a diretora do ensino superior.
Com o aumento dos números de casos positivos causados pela variante delta no país, a possibilidade de suspensão das aulas também está sobre a mesa. “Caso isto venha a acontecer, serão necessários mecanismos de ensino a distância. E os alunos, assim como as instituições, carecem de equipamentos necessários para efetuar o ensino a distância”, disse a diretora do ensino superior.
EXPETATIVAS
Apesar do contexto em que vivemos, a direção do ensino secundário espera continuar a aumentar a qualidade de ensino.
“Temos uma taxa de aprovação na ordem de 67% e todo o trabalho será feito no sentido de aumentarmos a taxa de aprovação e reduzirmos a 1 dígito a reprovação.”
O diretor Jorge Boa Morte disse que não serão poupados esforços no sentido de reduzir também a taxa de abandono escolar.
“Como sabem, a pandemia fez com que muitas famílias ficassem desempregadas e isso tem um efeito negativo na vida das crianças. Assim sendo, o nosso trabalho está também voltado no sentido de reduzirmos o abandono escolar, ou seja, identificar essas crianças afetadas pela pandemia e trazê-las de volta à escola.”
O diretor do ensino secundário pede aos pais e encarregados de educação que colaborem com as escolas, incentivando os filhos a lavar as mãos e a utilizar máscara. Jorge Boa Morte falou ainda na importância da pontualidade e assiduidade, bem como da importância de os pais estarem mais próximos da escola para que possam estar atualizados sobre o desempenho dos filhos.”
Já a direção do ensino superior apela aos estudantes que ainda não efetuaram as suas matrículas, que façam as inscrições, antes que terminem as vagas disponíveis para este ano.
“Incentivamos os professores e alunos do ensino superior a aderir a campanha de vacinação, em curso, e que acatem as medidas já decretadas na questão da higienização e uso de máscaras.”, acrescentou a palavras da diretora do ensino superior.
Também os estudantes partilharam com o STP Digital as suas expetativas para este ano letivo.
“Esperamos que neste novo ano letivo as matérias sejam lecionadas de forma mais tranquila. No ano anterior não tivemos tempo suficiente e os professores foram obrigados a apressar as aulas e nós não conseguíamos entender as matérias.”
“Esperamos que todos cumpram as medidas de segurança para que possamos ter um bom ano letivo, sem suspensão de aulas.”
“Os professores são os pais dos nossos filhos nas escolas. E, como pais, é nossa obrigação cuidar e proteger os nossos meninos. Eles são muito novos, mas com a nossa orientação, conseguem se cuidar.”
Até ao fecho desta reportagem, o STP Digital tentou falar com a diretora do ensino básico sem sucesso.