O intenso trabalho para composição da obra, durou pouco mais de 1 ano, onde o autor procurou adquirir ou pedir emprestado fotografias antigas de Macau, captadas a preto e branco, entre os anos de 1930 e 1990, em diversos formatos, para a composição da obra.
“Este livro e uma exposição que representam um encontro entre o passado e o presente. E o entusiasmo começou por aí. Durante pouco mais de um ano fui recolhendo imagens antigas do território. Adquiri em leilões, na Internet, a particulares, em lojas e até em Portugal. Poucas me foram dadas ou emprestadas. Aliás, acabei por fazer, por diversas vezes, vários apelos nas redes sociais para ter em minha posse imagens antigas de Macau, o que não aconteceu. As pessoas saudavam a iniciativa, mas quase ninguém me disponibilizou imagens”, lamentou Gonçalo Pinheiro.
Gonçalo entrou no mundo da fotografia aos 18 anos. Concluiu os quatro anos de estudo em Engenharia Geológica, mas logo viu a necessidade de correr atrás dos seus interesses. Inscreveu-se na licenciatura em Ciências da Comunicação, variante Jornalismo, na Universidade Autónoma de Lisboa.
O fotojornalista português está radicado em Macau há mais de 12 anos. Ali, trabalhou como redactor, fotojornalista e editor entre 2010 e 2014. Foi director de fotografia da revista Culture Guide e foi coordenador de fotografia da revista Macau, versão portuguesa, entre 2011 e 2021. Foi também, entre 2018 e 2021, jornalista multimédia e editor do projecto Plataforma Media do grupo Global Media. Actualmente faz parte da redação do jornal Ponto Final como fotojornalista e tem também uma colaboração com a agência noticiosa portuguesa LUSA.
Gonçalo Pinheiro é vencedor de vários prémios ao longo da sua carreira, e já realizou várias exposições, em nome próprio e colectivamente.
“Macau 5.0” é o seu primeiro livro de fotografia, publicado em 2015. Em 2019, apresentou “Myanmar: o retrato de um povo”. Em 2021, apresenta dois livros: “Desvelo Zeal” , editado em Macau, e “Tonle Sap”, lançado no Brasil. E o mais recente “O que foi não volta a ser…” editado em Macau, 2022.
Para este último, Gonçalo conta que não foi fácil o trabalho de pesquisa e procura de materiais antigos.
“Resolveria isso facilmente com impressões ou fotocópias, mas a ideia não era essa. Quis ter fotografias originais e isso, talvez tenha tornado o projeto mais complicado de realizar”, explicou o português.
Sobre a sua elaboração, Gonçalo conta:
“Idealizei um trabalho final que contemplasse, pelo menos, 100 fotografias em livro e cerca de 30 na exposição. Não consegui, assumo. Ou melhor. Consegui ter em minha posse cerca de 100 imagens, mas, dessas, apenas optei por editar e publicar 40, expondo 20. E porquê? Porque as restantes, que ainda guardo, ou são o que se costuma dizer ‘mais do mesmo’ ou, infelizmente, impossíveis de serem realizadas hoje, em pleno século XXI”, explicou.
O título “O que foi não volta a ser…”, surge do fato de Macau ter mudado muito ao longo dos anos, ou seja, já não é o que era a 70 ou 80 anos, conforme retratado no livro.
“Imaginem fotografias captadas há 70 ou 80 anos. E agora, o que fazer com elas? Se, por um lado, ainda é possível recriar alguns cenários, por outro lado, é impossível obter pontos de contactos noutras fotografias, porque simplesmente as coisas já não existem no território. Tudo mudou. Por isso, na grande maioria dos casos, o que foi não volta a ser”.
O autor considera ainda que este é um projeto “muito importante” porque “Macau mudou muito nos últimos 50 anos”. “A minha intenção também é mostrar essas mudanças a partir de uma narrativa diferente, colocando fotos antigas em novos lugares”.
O livro, é patrocinado pelo Banco Nacional Ultramarino (BNU) e pela Fundação Rui Cunha, tem o prefácio da jurista e política portuguesa Maria de Belém Roseira, antiga Ministra da Saúde e Ministra para a Igualdade, igualmente deputada à Assembleia da República Portuguesa, que passou por Macau durante os anos de 1980, onde foi administradora da TDM – Teledifusão de Macau.
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