Para celebrar a mulher santomense, o STP Digital foi conhecer quatro mulheres empreendedoras que, com criatividade, visão e coragem, conseguiram construir negócios inovadores na Indústria de Beleza em São Tomé.
CORPOS & AROMAS de Mira Pinto
Ayssusamira Pinto, mais conhecida por Mira Pinto (33 anos), é formada em Políticas Internacionais, pela Universidade East London. Mas foi no ramo da cosmética que viu uma oportunidade de fundar a sua marca – CORPOS&AROMAS.
“Sempre fui apaixonada por perfumes, cosméticos e aromas, e investi nesta área por considerar que havia necessidade de existir uma marca de cosméticos 100% nacional.”
Mira Pinto lançou-se no mercado em 2014, mas foi em 2018 que começou a produzir sabonetes artesanais. Mas também produz exfoliantes para rosto e corpo, sais de banho, bombas de banho, bálsamo e óleos para barba, e velas aromáticas.
A marca tem uma grande variedade de produtos naturais e artesanais, disponíveis ao público, e é no seu mini laboratório que acontece todo o processo de produção.
Entre a família, o trabalho, e o seu laboratório de produção, Mira conhece bem os desafios da mulher em São Tomé e Príncipe. Todavia, ela não se deixa desanimar.
“Estou a fazer algo que deixa-me imensamente feliz e quero muito que a CORPOS&AROMAS cresça como uma marca de cosmético santomense, e acima de tudo, que tenha o devido reconhecimento.”
Mira gostaria de ser lembrada como alguém que viveu, cometeu erros, seguiu os seus sonhos e que nunca se preocupou em seguir regras e checklists.
“Desde a tenra idade foi-nos incutido a ideia de que existe um manual a ser seguido para sermos consideradas uma pessoa bem-sucedida. Entretanto, quando olho à minha volta, percebo facilmente que este manual está completamente desatualizado.”
MUALA de Tânia da Costa
Tania da Costa (30 anos), mestre em Gestão Global e Inovação, Liderança e Gestão, nas Universidades de Salford e Universidade de York (respetivamente), é amante de tudo relacionado com estética e beleza.
Foi no berço familiar que aprendeu sobre a importância daquilo que é natural.
“Lembro-me até hoje, das experiências que a minha avó, tias, e pais faziam. E isto despertou em mim uma certa curiosidade sobre o poder que as plantas têm.”
Depois de um curso intensivo de cosmetologia e muitas investigações sobre a riqueza natural das plantas, ervas, e frutas de São Tomé e Príncipe, Tania decidiu criar a marca MUALA em 2019.
Para Tânia, o nome da marca é mais do que uma simples palavra. “Muala significa mulher na nossa língua nacional, mas para mim pessoalmente, significa também mãe, cuidado, delicadeza, carinho e atenção. E é exatamente isso que tento transmitir ao público.”
Com esta marca, Tania almeja “provar que é possível criarmos e termos nas mãos a cadeia completa de valores, ou seja, sermos donos do processo completo que vai da terra diretamente ao consumidor final sem passar por intermediários que acabam só por nos fazer ganhar menos do que realmente podemos. E assim atingirmos em todas as nossas especialidades o potencial máximo.”
A MUALA produz cosméticos à base de plantas, raízes, flores e frutas, provenientes de São Tomé e Príncipe e África Central. Produtos resultantes de uma mistura fitoquímica africana tradicional e de ingredientes modernos e inovadores, isentos de produtos químicos tóxicos para a humanidade e o ambiente.
Esta jovem empreendedora pretende ser lembrada como “uma das filhas da terra que contribuiu para o nome de São Tomé e Príncipe, sendo cada vez mais especial e conhecidas como ilhas de milagres da natureza para a saúde.”
NATU por Djamila Costa
Djamila Costa (41 anos), licenciada em Gestão e mestre em Procurement, é fundadora da marca santomense NATU. Uma marca que surgiu da sua necessidade de simplificar os cuidados com o seu cabelo.
“Eu gosto de coisas simples e práticas e ter que usar mil e um cremes para cuidar da minha coroa era uma fonte de stress.”
Cuidar do nosso cabelo natural exige tempo e dedicação. Foi com o desejo de facilitar este processo que Djamila começou a produzir cremes de pentear e a desenvolver a sua própria marca.
“NATU creme é feito essencialmente para mulheres que gostam de se cuidar, que são vaidosas e confiantes. Mulheres práticas, que normalmente têm o seu dia a dia agitado, mas que não descuram de estarem bem apresentadas”.
Com a linha “NATU BARBA”, Djamila não se esquece do público masculino. “Quanto aos homens, eles sabem que gostamos de uma barba cuidada e volumosa, por isso usam NATU Barba. Estamos em 2021, já passou a época em que os homens apenas usavam água e sabão.”
Produzidos de modo artesanal pela própria fundadora, os cremes da NATU são a base de ingredientes completamente naturais como é o caso da manteiga de karité, óleo de rícino, e óleo de amêndoa – ingredientes mestres da marca.
Segundo Djamila, a marca NATU representa aceitação. Com a marca, ela espera transmitir a todas as mulheres (mães e filhas), e homens, que a beleza natural deve ser celebrada e que a escolha pessoal deve ser respeitada.
Como empreendedora, Djamila espera continuar a corresponder às expetativas dos seus clientes e ter uma gama de produtos da NATU disponíveis dentro e fora do país.
“Gostava de ser lembrada como alguém que contribuiu para a aceitação do cabelo afro natural em São Tomé e Príncipe”, concluiu.
ZAZÁ Coconut
Izaite Vera Cruz (38 anos), é engenheira em Telecomunicações e Eletrónica e pesquisadora nos tempos livres.
Movida pela necessidade de criar um pequeno negócio para a mãe, fundou assim a marca ZAZÁ COCONUT.
“A minha mãe por motivos de saúde não se sentia confortável em trabalhar fora de casa. Então, através de várias pesquisas, decidi criar este projeto para mantê-la ocupada e feliz.”
ZAZÁ COCONUT é uma unidade de transformação de produtos naturais e derivados a base de coco. Criada em 2016, é uma marca amiga do ambiente, que procura aproveitar o côco no seu todo, sem desperdícios.
Através das suas pesquisas, Izaite descobriu um método novo e mais saudável de produzir óleo de coco – a fermentação a frio.
Os produtos da ZAZÁ COCONUT são todos produzidos localmente e de forma artesanal. O côco- ingrediente mestre – é utilizado para produzir quase todos os produtos disponíveis pela marca: óleo, sabonetes de côvo e de carvão, carvão vegetal de casca de côco, farinha, entre outros.
Izaite aponta os custos associados ao processo de aquisição da matéria prima, a mão de obra (para ralar o côco) e o processo de embalagem do produto final como os principais obstáculos para o crescimento do negócio.
Também o consumo e a dependência dos produtos industrializados preocupa a empreendedora.
“Nós que já trabalhamos neste ramo, temos que trabalhar ainda mais na mudança de mentalidade, informando o nosso público sobre as vantagens e os benéficios do uso dos produtos naturais para a saúde. Além disso, é necessário elevar e promover a valorização do produto local”, afirma.
Empreender é sempre um desafio, mas para Izaite, a maior recompensa é saber que tem ajudado muitas pessoas a resolver problemas de pele com os seus produtos e ter a liberdade de fazer aquilo que gosta, inovar, correr riscos e ser autêntica.
Transformar a ZAZÁ COCONUT numa marca de referência no mercado nacional e internacional é o maior desejo desta grande empreendedora.
Estas mulheres são a representação da determinação e da força das mulheres santomenses. Mulheres com histórias que demonstram que “o lugar da mulher é realmente onde ela deseja estar”.
Feliz dia da Mulher Santomense!