Numa alocução proferida na recente 55.ª Conferência dos Ministros Africanos das Finanças, do Planeamento e do Desenvolvimento Económico, Muchanga afirmou que o continente precisa de angariar os fundos necessários para desenvolver a sua base de conhecimentos digitais e alcançar o crescimento.
“A mobilização de recursos internos deve ser priorizada, com especial ênfase no combate aos fluxos financeiros ilícitos, que privam o continente de cerca de 90 mil milhões de dólares por ano”, afirmou na conferência organizada pela Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA).
Falando sobre o tema “Promover a recuperação e a transformação em África para reduzir as desigualdades e as vulnerabilidades”, o Comissário Muchanga reconheceu os sucessos do continente na adaptação de algumas destas tecnologias, particularmente nos serviços de dinheiro eletrónico.
“Mas estas transformações devem ir além dos níveis atuais para alcançar os objetivos da Agenda 2063, criar um grande número de empregos para os jovens e combater a pobreza e as desigualdades”, afirmou.
O compromisso com o programa da UNECA sobre crescimento inclusivo e desenvolvimento sustentável em África para apoiar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável(link is external), a Agenda 2063 da União Africana(link is external) e as cinco prioridades estratégicas (High5) do Banco Africano de Desenvolvimento ajudaria a melhorar os meios de subsistência no continente, acrescentou.
A Comissão fez uma parceria com o Banco Africano de Desenvolvimento e a AUDA-NEPAD para embarcar num estudo sobre como alcançar o crescimento inclusivo e o desenvolvimento sustentável em África. O objetivo do estudo é a realização de um continente próspero baseado no crescimento inclusivo e no desenvolvimento sustentável ancorado em taxas de crescimento de 7 a 10% entre 2023 e 2063, disse.
O estudo, que dá prioridade ao desenvolvimento do capital humano e ao aproveitamento do dividendo demográfico de África, estará concluído em dezembro, disse Muchanga.
Nas suas observações, o Secretário Executivo em exercício da UNECA, António Pedro, disse que África está no centro das transições globais de sustentabilidade, incluindo a eletrificação das infraestruturas de transporte, a implantação acelerada de energias renováveis, a dinâmica demográfica e a ação climática.
“Estas transições devem sustentar o caminho de África para a recuperação, assegurando uma transformação estruturada para a diversificação económica, criando resiliência e alcançando um crescimento sustentável e inclusivo em conformidade com a Agenda 2030 e a Agenda 2063”, afirmou Pedro.
O crescimento de África está a recuperar para 4,1% e a inflação abrandou para 12%, afirmou, acrescentando que o que era necessário para alcançar um avanço no continente era um crescimento de dois dígitos.
O Ministro das Finanças do Gana, Kenneth Ofori-Atta, afirmou que África não pode continuar com a atual arquitetura financeira global, em que os seus países não têm acesso aos recursos necessários para a recuperação. “O conjunto de instrumentos de que dispõem o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial é inadequado para apoiar o caminho que África precisa de percorrer”, defendeu.
