A escritora de livros infanto-juvenil, Marília Januário, apresentou este mês, no Centro Cultural Português de São Tomé, a obra “Eu também falo Português”, feita em parceria com a escritora Renata Formoso e o seu segundo livro “Os Caracóis da Lisa”.
Após alguns anos longe das ilhas com a qual tem raízes maternas, Marília trouxe consigo a sua primeira obra literária “Eu também falo português” para apresentação.
Essa obra conta a história de “Nina, uma menina falante e curiosa, que relembra a real importância de manter a língua portuguesa, mesmo morando em um país super distante. Além de bilinguismo, ele fala sobre saudade e igualdade”.
A primeira versão (brasileira) dessa obra infanto-juvenil, foi publicada em Londres pela co-autora do livro, Renata Formoso. Mais tarde, as duas escritoras fizeram parceria para escrever uma versão da obra destinada a outros países de expressão portuguesa.
“Os caracóis da Lisa é basicamente uma conversa com a minha criança interior. Inspirada em aspetos sociais da infância de muitas crianças negras, o livro conta a história de uma menina que não se via representada na escola e resolve pedir ajuda a uma fada para mudar de cabelo. É um livro que fala sobre aceitação, inclusão e respeito pelas diferenças”.
Marília Januário, angolana, morou vários anos no Brasil, onde fez a sua formação superior em Economia e desenvolveu o seu lado artístico. Os seus hobbies acabam por ser aquilo em que ela mais gosta de trabalhar: música e filmes.
O seu despertar para a escrita aconteceu com a maternidade. O apoio dos familiares e de amigos foi crucial no início dessa jornada.
Marília escolheu explorar a categoria infanto-juvenil como forma de se inteirar com a missão de ser mãe e educadora.
“Quando me tornei mãe, comecei a pesquisar e estudar mais sobre este universo. Descobri a necessidade de comunicar com as novas gerações sobre questões que na minha infância não foram abordadas de maneira clara”.
A artista tem grande admiração pela escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, e a sua inspiração vem do seu público-alvo, as crianças.
Para Marilia Januário “o reconhecimento e incentivo financeiro” é um dos desafios que enfrenta enquanto escritora. A procrastinação é outro grande desafio.
“Sou uma pessoa que procrastina muito, mas por outro lado, sou o tipo de pessoa que funciona muito a base de produtividade, inspiração. Procuro compreender ao máximo os meus momentos mais produtivos e tirar maior proveito possível”.
Além da sua paixão pela escrita, Marília também é modelo, atriz, dançarina, e cantora.
Segundo a artista, a sua versatilidade vem do “instinto de sobrevivência da mulher negra”.
“Como mulheres negras, é-nos “exigido” o dobro do esforço para o mínimo de reconhecimento. Precisamos aprender a nos virar em muita coisa para conseguir “sobreviver”.