Pekagboom, 38 anos, nasceu em Angola, mas foi em São Tomé e Príncipe onde viveu a sua infância e adolescência. Começou a sua atividade musical em Portugal, no bairro social Quinta do Mocho em 2003, onde, entretanto, formou o grupo Império Suburbano e ficou conhecido como rapper santomense.
O cantor chegou a ser homenageado em 2017 como melhor Rapper de Intervenção Social na II Gala “África is more” e considerado pelo site Planeta Rap Luso como melhor rapper são-tomense do ano 2016.
“Foi um momento muito espetacular. Posso até dizer mágico, artisticamente falando. Nestes 20 anos de carreira deu para perceber que tenho um público muito especial nas Ilhas Maravilhosas”, disse Pekagboom.
Uma noite cheia de música que ficará para sempre na memória do autor do hit “Muala Plégida”, “Elsa Figueira”, entre outros.
“Estou infinitamente grato pelo gesto. Isso muda todo na carreira de um artista, quando ele é reconhecido pelo estado. É uma data especial para qualquer artista que pudesse estar na minha posição, isso é muito positivo. Quer queiram quer não, penso que neste momento tornei-me património do Rap Santomense”, brincou o artista.
O evento organizado pela Human Fashion, contou com a presença e atuação de alguns cantores santomenses. De acordo com a cantora Kennya, uma das artistas convidadas, o público fez valer cada minuto do espetáculo.
“20 anos não são 20 dias. É preciso ser muito resiliente e humilde para chegar onde ele chegou. E, estar com ele na comemoração dos seus 20 anos de carreira, para mim é como se fosse fazer parte da história, mesmo que muitos digam o contrário. Ele merece, e eu estou super feliz com a sua conquista. Felicidade dele também é a minha, portanto para mim é um orgulho.” – disse Kennya.
Segundo Pekagboom, embora sempre tenha tido altos e baixos no decorrer da sua carreira musical, manteve-se firme e fiel. O rapper diz que “ter liberdade de pensamento dentro da identidade” é o que o caracteriza, e fez com que, hoje, ele seja um artista santomense reconhecido pela cultura Hip-Hop na Lusofonia. “A verdade é que hoje não se pode falar do Rap Santomense sem mencionar o nome PEKAGBOOM”.
Peka, como é tratado pelos amigos, é uma inspiração para muitos. Para Kennya, ele é mais do que um colega, é um irmão. “Ser artista é difícil e exige que sejamos fortes para conseguirmos sobreviver no showbiz. Precisamos de motivação para não desistir e nos reerguer quando as coisas não saem como esperávamos.” – confidenciou Kennya, que no passado denunciou ter sofrido assédio sexual, que a afastou do mundo da música durante anos.
O Rapper Karboss também expressou apreço pelo rapper Pekagboom.
“Foi bastante especial. Como rapper, acompanhei a caminhada do Pekagboom ao longo dos tempos, antes em grupos de rap, agora com sua careira a solo. Ele é um dos cantores que devemos dar toda a nossa consideração e o nosso respeito também pelo estilo de música que ele tem feito, na intervenção social, aquilo que é mudança de consciência na sociedade santomense”.
Pekagboom disse que, analisando esses 20 anos, não teria feito nada de diferente no decorrer da sua jornada musical.
“Sei que todos sabem que sou um artista censurado por algumas produtoras de eventos nacionais por ser diferenciado do normal, por ser rapper de intervenção social. Sou censurado até pelos colegas que dizem ser amigos, e muitas das vezes fazem eventos e esquecem-se de mim. Mas a verdade é que eles sabem que não sou um artista qualquer. Sempre procuro melhorar, fazer mais e melhor e não gosto de compactuar com coisas desorganizadas.” – adicionou o artista.
Todavia, o artista procura sempre apoiar outros cantores santomenses, independentemente do facto de gostarem ou não dele. O rapper disse ainda que procura, na medida do possível, apoiar todos os artistas santomenses porque sabe que se eles tiverem sucesso, é bom para todos os artistas do país.
“Esta sempre foi e sempre será a minha forma de pensar. É a razão de dizer que faria tudo igual.” – acrescentou Pekagboom.
O rapper pretende continuar a cantar e a incentivar artistas nacionais a fazer música sem tabu. “Quero ver os rappers a trazer rimas corajosas para ajudar o nosso país a libertar-se da má governação”, concluiu.
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