“Quer dizer que nós vamos ter uma reviravolta tão grande que a desgraça que vai seguir a essa pandemia pode ser ainda maior que a própria pandemia”, disse Pinto da Costa aos jornalistas.
O antigo chefe de Estado que governou o país durante os primeiros 15 anos da independência e voltou à Presidência entre 2010 e 2014 ofereceu, sexta-feira, um lote de materiais e equipamentos sanitários ao governo para o combate ao novo coronavírus.
O responsável reconhece que o governo “não está preparado para enfrentar esta situação”, está “completamente desorganizado”m “improvisando as coisas”.
“O nível de organização que nós temos internamente não nos garante sucesso nessa luta contra a pandemia”, refere Manuel Pinto da Costa, defendendo que “o momento não é para indicar os culpados”.
Até terça-feira, a doença fez 12 vítimas mortais e 441 infetados, de acordo com informações do Ministério da saúde de São Tomé e Príncipe.
“O governo está a fazer todos os esforços possível e imaginário, mas será que esse governo está a fazer as coisas que devem ser feitas?” – questiona Pinto da Costa, considerando que “o país não tem uma liderança”.
Manuel Pinto da Costa defendeu que, para combater a pandemia, “o país deveria ter uma equipa com gente com experiência suficiente na matéria que ajudasse o governo a encontrar melhor caminho, as melhores decisões e soluções”.
Sublinha que só assim se pode “evitar que gente que não percebe nada disto começa a improvisar e essas improvisações podem ter consequências gravosas para nós”.
O primeiro Presidente da República de São Tomé e Príncipe considera que não “pode ficar indiferente perante a situação que o país está a viver”.
Pinto da Costa acredita haver no país “muito mais gente afetada mais do que aquilo que foi anunciado” pelas autoridades sanitárias.
Pinto de Costa foi líder histórico do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe, o partido que hoje governa o país.
Em África, há 3.589 mortos confirmados em mais de 119 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.
Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau lidera em número de infeções (1.195 casos e sete mortos), seguindo-se a Guiné Equatorial (1.043 casos e 12 mortos), Cabo Verde (390 casos e quatro mortes), São Tomé e Príncipe (443 casos e 12 mortos), Moçambique (227 casos e um morto) e Angola (73 infetados e quatro mortos).
O país lusófono mais afetado pela pandemia é o Brasil, com 24.512 mortos e mais de 391 mil contaminados.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 350 mil mortos e infetou mais de 5,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Cerca de 2,2 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Fonte: Agência Lusa