Sociedade

São Tomé e Príncipe comemora neste 3 de fevereiro os 68 anos do massacre de Batepá

Massacre de Batepá
Image by Ji-Elle
O dia 3 de fevereiro é feriado nacional em São Tomé e Príncipe. Assinala o episódio que é tido como estando na origem do nacionalismo são-tomense. As vítimas da brutalidade colonial foram transformadas em heróis pela liberdade da pátria. Não se sabe quantos morreram, se centenas ou mais de mil. Os corpos foram enterrados em valas comuns ou deitados ao mar.

No centro dos acontecimentos esteve uma decisão do então governador-geral, Carlos Gorgulho, que pretendia forçar a população nativa ao trabalho nas roças de cacau e café e nas obras públicas. Sendo que no arquipélago havia, de forma crónica, grande falta de mão de obra, os serviçais eram, na sua maioria, indígenas angolanos e cabo-verdianos.




Nas roças, o trabalho não era pago ou os ordenados eram de miséria. A violência à base de chicotadas era constante e a tentativa de trabalho forçado entre os nativos levou a que, nos inícios de 1953, a população se revoltasse. Foram repelidos com granadas e metralhadoras. Os indígenas fogem para as roças e os nativos para a mata.

A administração colonial arma, então, reclusos e serviçais roceiros. Dispensa a polícia e usa mílicias de brancos. Começa a chamada “caça ao preto”, com resultados brutais. Execuções sumárias, casas incendiadas, mulheres violadas e mil sãotomenses levados para as cadeias onde são torturados, alguns mortos e quase todos levados para campos de trabalhos forçados.

Carlos Gorgulho argumenta para Lisboa que a revolta dos nativos tinha por base uma conspiração internacional comunista. É chamado à metrópole e obrigado a demitir-se. O massacre de Batepá, na freguesia da Trindade, fez florescer a consciência que levaria, mais tarde, à criação do MLSTP (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe).

Veja aqui o artigo original publicado no Portal da RTP Ensina

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