No centro dos acontecimentos esteve uma decisão do então governador-geral, Carlos Gorgulho, que pretendia forçar a população nativa ao trabalho nas roças de cacau e café e nas obras públicas. Sendo que no arquipélago havia, de forma crónica, grande falta de mão de obra, os serviçais eram, na sua maioria, indígenas angolanos e cabo-verdianos.
Nas roças, o trabalho não era pago ou os ordenados eram de miséria. A violência à base de chicotadas era constante e a tentativa de trabalho forçado entre os nativos levou a que, nos inícios de 1953, a população se revoltasse. Foram repelidos com granadas e metralhadoras. Os indígenas fogem para as roças e os nativos para a mata.
A administração colonial arma, então, reclusos e serviçais roceiros. Dispensa a polícia e usa mílicias de brancos. Começa a chamada “caça ao preto”, com resultados brutais. Execuções sumárias, casas incendiadas, mulheres violadas e mil sãotomenses levados para as cadeias onde são torturados, alguns mortos e quase todos levados para campos de trabalhos forçados.
Carlos Gorgulho argumenta para Lisboa que a revolta dos nativos tinha por base uma conspiração internacional comunista. É chamado à metrópole e obrigado a demitir-se. O massacre de Batepá, na freguesia da Trindade, fez florescer a consciência que levaria, mais tarde, à criação do MLSTP (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe).
Veja aqui o artigo original publicado no Portal da RTP Ensina