A artista santomense Aoaní Salvaterra, em colaboração com a brasileira Joyce Souza, estreia no dia 15 de novembro, às 21h30, no Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo, o espetáculo “Kabeça Orí”. Uma segunda apresentação ocorre no dia 16, às 19h. Este espetáculo faz parte do Festival ETFEST e conta com entrada gratuita, oferecendo ao público uma imersão cultural que explora profundamente temas de identidade, resistência e a diáspora negra.
“Kabeça Orí” nasce de uma residência artística no programa Kilombo, promovido pelo Alkantara Festival 2023 e com curadoria da Aurora Negra. Originalmente criado como uma vídeo performance em Lisboa, Aoaní e Joyce reverenciam locais da cidade que testemunham a história negra, muitas vezes esquecida. Estes espaços evocam memórias de um passado colonial e de resistência. Agora em formato teatral, “Kabeça Orí” aprofunda essa viagem de identidade, inspirando-se no conceito Yoruba de “Orí” – que representa não só a “cabeça”, mas também uma divindade pessoal.
Para Aoaní, nascida em São Tomé e Príncipe e residente em Lisboa, esta obra é uma celebração e ressignificação da herança cultural africana. Ao lado de Joyce, a artista confronta a fragmentação colonial das memórias e desafia a invisibilidade da presença negra nas cidades. Em palco, ambas oferecem uma performance de resistência e questionamento sobre como manter a “cabeça erguida” perante o apagamento histórico.
Com dramaturgia de Monalisa Silva, música de Xullaji e cenografia de Neusa Trovoada, “Kabeça Orí” foi selecionado para a 4.ª edição das Bolsas de Criação do Espaço do Tempo, com o apoio do Banco BPI, da Fundação “la Caixa” e da Direção-Geral das Artes (DGARTES).
O espetáculo representa uma oportunidade única para o público em Portugal e para a diáspora santomense refletirem sobre identidade e ancestralidade, reforçando a voz de Aoaní como um ícone da cultura santomense e africana na cena artística contemporânea. Se estiver em Montemor o Novo, não deixe de prestigiar este espetáculo.