Leve-leve é mais do que uma expressão: é um modo de vida em São Tomé e Príncipe – um convite constante a ir com calma, sem pressa, a saborear o presente. A expressão (um redobro de leve) significa literalmente “com muita calma” e é usada por moradores, guias e visitantes para descrever o ritmo relaxado das ilhas.
A história do leve-leve mistura clima, geografia e cultura: ilhas tropicais, natureza generosa e um quotidiano marcado por laços comunitários criaram um comportamento em que a velocidade perde importância perante a intensidade do viver. Em textos de viagem e crónicas locais essa filosofia aparece repetida como traço identitária de São Tomé e do Príncipe – um sinal de hospitalidade e resiliência.
Importa, porém, desfazer um mito: leve-leve não é sinónimo de preguiça. Académicos e cronistas distinguem a serenidade da falta de responsabilidade – e alertam que a expressão pode ser usada indevidamente como desculpa para baixa produtividade. O desafio é conservar a qualidade de vida que o lema promove, sem que ele se transforme em obstáculo ao desenvolvimento económico.
Num mundo acelerado, o leve-leve ganha nova relevância: reduz stress, fortalece relações sociais e valoriza tempo e experiência – características que o turismo sustentável e a economia criativa hoje valorizam. Ainda assim, para que a filosofia seja vantagem real, é preciso combiná-la com organização, planeamento e investimento (educação, infraestrutura, serviços) que permitam ao país prosperar sem perder a calma.
Artigo originalmente publicado no Portal: STP ON

