Yanira Tiny e Mário Lopes foram selecionados pela UNESCO, União Africana, ICESCO e Governo de Angola para representar São Tomé e Príncipe na segunda edição da Bienal de Luanda – Fórum Pan-Africano para a Cultura da Paz, que se realiza de 4 a 8 outubro deste ano.
A Bienal visa reforçar o Movimento Pan-Africano para uma Cultura de Paz e Não-Violência. Este evento de dimensão continental é parte da implementação da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas, incluindo o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 16 e aspirações da Agenda 2063 da União Africana e suas iniciativas, «A Agenda para a Paz» e «Silenciar as Armas até 2020».
O Fórum conta, este ano, com a participação de cerca de 109 jovens de Estados membros da União Africana e da diáspora pelo mundo que passaram por um processo de seleção, entre os quais se encontra São Tomé e Príncipe.
Estes jovens participarão em modo online devido ao atual contexto de pandemia, e segundo as recomendações da OMS quanto ao evento e a situação epidemiológica em Angola.
Contudo, Mário Lopes considera que fazer tudo de modo virtual limita muito a capacidade de impacto e networking que é preciso num evento desse nível. “Por mais que o online seja o mais usual nos dias de hoje, e particularmente, mesmo sendo fascinado pela transformação digital, continuo sendo um apreciador de conversa “olho no olho”.”
Mário Lopes e a Responsabilidade Cívica
Com 29 anos, Mário Lopes é empreendedor social, analista de políticas lusófonas para juventude, feminista, co-fundador do STP Digital e da Tela Digital Media Group.
Para Mário, independente das limitações inerentes a conjuntura, a Bienal de Luanda constitui uma oportunidade ímpar no quadro regional e continental.
Deixa-me feliz que um dos eixos do evento seja a juventude, e o seu papel participativo na construção e reflexão sobre o futuro de África. Mais feliz ainda por valorizar a diáspora dos países africanos. Um sinal claro de que os nossos países têm somente a ganhar ao envolver a sua sua diáspora, a juventude na construção do país hoje, no presente.
Mário Lopes vai falar sobre o tema “Ciência, tecnologia e inovação para combater crises e pandemias” e pretende apresentar um projeto sobre Responsabilidade Cívica. Acredita que é preciso investir no empoderamento das pessoas para que pensem de modo crítico sobre o país, sobre as suas necessidades e ambições.
O jovem empreendedor almeja mecanismos que permitam exigir responsabilidade e transparência dos líderes eleitos, estratégias para lidar com injustiças estruturais, fortalecimento da democracia e combate às desigualdades, e promoção ativa de direitos humanos.
Mais do que transmitir experiências, Mário Lopes quer transmitir a nossa santomensidade. “Transmitir que a cultura da paz em África é também um anseio do povo santomense, e dos seus jovens. São Tomé e Príncipe é um país pacífico e modelo no quadro da paz a nível continental, e dada a sua localização estratégica merece uma atenção especial, pois África continua a enfrentar diversas ameaças à paz e à segurança decorrentes de uma combinação de vários fatores.
Mário Lopes espera que com o diálogo intergeracional entre líderes e jovens e a Bienal de Luanda, no seu todo, que haja um envolvimento massivo de decisores para criar condições (técnicas, logísticas, financeiras, etc.) para que as soluções identificadas não morram em relatórios, comunicados e discursos vigentes até o próximo evento “como é habitual nestes círculos.”
O ativista espera ainda que os jovens sejam chamados a desempenhar um papel de destaque na implementação das diretrizes. “Os jovens são hoje e nos próximos tempos o maior ativo do continente e do mundo”, conclui.
Yanira Tiny por ELAS
Yanira Tiny vai falar sobre o tema “De que forma podemos apoiar artistas africanos, indústrias culturais e criativas para uma recuperação económica inclusiva e sustentável?”
A jovem pretende ainda divulgar o seu projeto “4Her”, que visa o empoderamento das mulheres através da arte. Um projeto que pretende criar uma fábrica de artesanato e de reciclagem ligada à arte e à cultura para contribuir para solucionar o problema do lixo em São Tomé e Príncipe. Aspirando também, a criação de empregos e rendimentos sustentáveis, promoção da inserção social e o empoderamento financeiro de mulheres profissionais do sexo, reforçando, deste modo, a economia criativa e cultural no país.
Com 30 anos, Yanira Tiny é artista, empreendedora social, ativista, jurista, Vice-Presidente do ROTARACT Clube São Tomé e Príncipe e feminista declarada. É fundadora do projeto Wake Up África – cujos principais objetivos são a defesa e a promoção dos Direitos Humanos e da Equidade de Género. Apaixonada pela arte e pela inovação, a jovem revela que o que lhe alimenta a alma é quebrar tabus e preconceitos que existem na sociedade santomense/africana e apoiar a mulher no seu desenvolvimento e independência, aumentando, deste modo, a sua autoestima.
Para Yanira Tiny, estar envolvida na Bienal de Luanda tem sido um desafio extremamente interessante, que considera que dará excelentes frutos.
A Bienal será uma maravilhosa experiência em que sei que aprenderei imenso e será excelente estar em contacto com outros jovens líderes que fazem a diferença nas suas comunidades.
A jovem ativista espera conseguir mostrar quão rico é o nosso património artístico-cultural e representar São Tomé e Príncipe da melhor maneira possível.