Diplomata de carreira, antes de ser nomeada Embaixadora para Angola e São Tomé e Príncipe, Jessica Hand trabalhou no Senegal, na Bielorrússia como Embaixadora, na Holanda como Conselheira Política de um Comandante da OTAN, em Moscovo como Conselheira e Cônsul Geral, em Istambul como Cônsul Geral e Diretora do Departamento de Comércio Internacional. As suas áreas principais de especialização são questões multilaterais, incluindo controlo de armas e segurança, e Europa Oriental/ Antiga União Soviética. Fala francês, russo e agora português.
É casada e tem três enteados adultos. O seu marido tem dupla nacionalidade Americana e Britânica. É um oficial aposentado do Exército dos EUA, e após a conclusão do seu doutoramento, há três anos, tornou-se num consultor independente e escritor académico.
STP Digital – É a sua primeira vez em São Tomé. O que está a achar do país?
Embaixadora Jessica Hand: Parece-me ser um lugar muito especial e único, bem como um lugar muito bonito. Estou ansiosa para explorar e aprender mais sobre as ilhas de São Tomé e Príncipe em futuras visitas. Também estou ansiosa para conhecer as pessoas bem como os nossos principais parceiros, como os ministros e funcionários seniores.
STP Digital – Tendo em conta que observa a nossa sociedade e a nossa cultura, poderia comparar os dois países, a Grã-Bretanha e São Tomé e Príncipe?
Embaixadora Jessica Hand: Há uma semelhança clara – isto é, que somos ambas nações insulares. E isto significa que temos que equilibrar um certo grau de auto suficiência com uma capacidade de alcançar e engajar produtivamente com parceiros regionais e globais.
Nós também temos algumas diferenças bastante claras – a nível humano, as nossas línguas, culturas e climas são todos diferentes; a nível nacional, as nossas escalas de desenvolvimento económico são muito diferentes.
No entanto, as diferenças devem ser vistas como pontos de interesse ao invés de pontos que nos separam. Podemos e devemos compartilhar experiências, perspetivas e aprender mutuamente. Dessa forma, podemos dialogar sobre a melhor forma para trabalhar em conjunto e formar parcerias duradouras e produtivas – esperançosamente, até amizades.
STP Digital – O que pensa sobre o desafio de libertar São Tomé e Príncipe da dependência de ajuda internacional?
Embaixadora Jessica Hand: Esta é uma tarefa significativa que demanda tempo e muito trabalho. Um elemento chave é o desenvolvimento de estruturas de governação claras e um conjunto claro e consistente de prioridades a serem trabalhadas. O que torna a identificação de onde e como engajar por parte dos parceiros externos e investidores mais fácil e mais confiável.
Outro fator importante é a comunicação – buscando consciencializar as pessoas sobre o que o país tem a oferecer, em que o país se interessa e como iniciar um diálogo sobre a colaboração futura. Com efeito, São Tomé e Príncipe deve se apresentar ao mundo e ser estratégico sobre o tipo de parcerias e investimentos que deseja para criar uma boa qualidade de vida para o seu povo.
STP Digital – Como podemos fortalecer os negócios e os laços culturais entre o Reino Unido e STP?
Embaixadora Jessica Hand: É muito cedo para dar uma resposta detalhada sobre esse assunto. Parte da resposta passa por maior interação humana e um melhor entendimento mútuo. Gostaria de ver mais líderes de São Tomé e Príncipe a estudar no Reino Unido através do nosso Programa de Bolsas Chevening. Nos últimos 5 anos 4 estudantes sãotomenses receberam bolsas para estudar no Reino Unido e espero que possamos aumentar esse número.
STP Digital – Ultimamente, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse ter “provas irrefutáveis” de que o suposto ataque químico na Síria foi uma “encenação” e acusa o Reino Unido. Estamos a viver outra guerra fria?
Embaixadora Jessica Hand: O regime de Assad tem um histórico de usar armas químicas contra seu próprio povo da maneira mais cruel e repugnante. Uma quantidade significativa de informações indica que o regime Sírio é responsável, por exemplo fontes de informações abertas alegam que uma barrel bomb (bomba improvisada) foi usada para dispersar os produtos químicos. Vários relatórios de fontes de informações abertas afirmam que um helicóptero do regime foi visto por cima da cidade de Douma na noite de 7 de Abril. A oposição não utiliza helicópteros nem usa essas bombas.
Serviços de inteligência confiáveis indicam que oficiais militares Sírios coordenaram o que parece ser o uso de gás de cloro em Douma no dia 7 de Abril. Nenhum outro grupo poderia ter realizado este ataque. De facto, nem o Daesh tem presença em Douma.
Essas acusações grotescas e absurdas de Moscovo são apenas as mais recentes de uma série de alegações ridículas da Rússia, que também afirmou que nenhum ataque aconteceu. Isto simplesmente mostra o desespero de colocar a culpa em qualquer pessoa que não seja o seu cliente – o regime de Assad.