O filme já teve a sua estreia em São Tomé e Príncipe no dia 21 de julho, no auditório do Centro Cultural Português, na capital do país, apresentado pelo jurista e advogado, Hamilton Vaz.
Segundo Nilton Medeiros, a ideia para fazer o documentário surgiu em 2017, após o pedido de revisão de sentença apresentado pela equipa de advogados da Empresa Angolana RIDUX cujo proprietário é o empresário angolano Melo Xavier.
O título do filme “ROSEMA – O maior escândalo da Justiça são-tomense”, retrata realisticamente aquilo que foi e tem sido a polémica à volta do caso “Rosema”.
“O caso ROSEMA, começa em 2009 com o envio de uma carta rogatória às autoridades judiciais são-tomenses, pelo tribunal marítimo de Luanda para penhorar as ações detidas pelo empresário angolano, Melo Xavier, na fábrica ROSEMA em São Tomé, por causa de uma dívida a empresa angolana de nome JAR. Este processo transformou-se num verdadeiro escândalo, com decisões contraditórias e várias práticas de corrupção envolvendo Magistrados e as partes interessadas”, explica Nilton Medeiros.
O documentário está dividido em duas partes, primeiro aborda as decisões e peripécias em torno da disputa judicial para a penhora, adjudicação e controle da fábrica, que teve o seu início no Supremo Tribunal de Justiça, passando pelo Tribunal da Primeira Instância até o Tribunal Constitucional em São Tomé e Príncipe, através de uma polifonia de vozes técnicas e críticas dos factos.
Por ser um trabalho de investigação de fatos que aconteceram, ter meios financeiros para “reunir toda a documentação necessária para dar credibilidade ao documentário, foi um dos desafios para os realizadores.
“Entre os desafios que enfrentamos na sua elaboração destacamos a falta de financiamento, pois tudo foi feito com o nosso orçamento familiar, exceto os apoios à produção que recebemos da STP Airways, do Hotel Avenida e da Empresa Explorer STP, para a viagem, a estadia e deslocação em São Tomé no período das filmagens.”
Mesmo após a conclusão do documentário, outro desafio que surgiu foi encontrar um espaço para fazer a estreia em São Tomé e Príncipe.
“Como devem calcular este é um caso que divide a sociedade são-tomense e por se tratar de um assunto que diz respeito à Justiça é motivo para que as pessoas sintam receio de apoiar para não sofrerem represálias. Fizemos vários contactos a procura de um auditório para a estreia do documentário em São Tomé, o único que aceitou foi o Centro Cultural Português”.
Apesar dos pós e contras, Nilton Medeiros afirma que o balanço da estreia e os feedbacks são positivos.
“Em São Tomé, apesar de como disse anteriormente ter havido pessoas bem identificadas que tentaram impedir que o documentário fosse exibido, o balanço que fazemos é bastante positivo. O auditório do Centro Cultural Português foi pequeno para albergar o elevado número de pessoas que apareceu para assistir à estreia do documentário. Não há dúvidas que 99% das pessoas gostaram do filme.”
O filme procura contribuir para o esclarecimento de um assunto que há mais de dez anos tem gerado inúmeras especulações e provocado divisões na sociedade são-tomense. Por isso a sua apresentação será também para os são-tomenses curiosos sobre o caso “Rosema”, e não só.
“Em Lisboa, apesar de a estreia acontecer numa sexta-feira, temos recebido muita solicitação de pessoas interessadas em assistir o documentário. Esperemos que apareçam em massa, sobretudo os residentes na região da grande Lisboa que querem saber mais sobre o caso ROSEMA”, concluiu.